segunda-feira, 10 de junho de 2013

O Anjo. Capítulo 1.

Eu acordei gritando. Estava suada, assustada e com medo, meu coração batia muito forte e minha respiração estava ofegante. Esfreguei bem os olhos e me concentrei em minha respiração, que aos poucos foi se estabilizando. Estava de noite, e a única luz que iluminava meu quarto era a da lua. Olhei ao redor, e tudo estava no lugar, do jeitinho que eu deixara, então relaxei, deitei de novo fechei os olhos e aos poucos o sono veio e eu sonhei de novo, mas desta vez com uma coisa diferente.
Sonhei que estava em um bosque, um bosque com o tom de melancolia, com cores escuras e acinzentadas. Estava de dia, e eu estava descalça. Caminhei lentamente entre as árvores, não sabia direito onde estava indo, minha intuição estava me guiando. Descobri que as árvores tinham espinhos, quando encostei em uma delas e furei minha mão, olhei ao redor e descobri que o bosque todo era de espinhos, desde as folhas, os troncos, as flores, as pedras e até o solo. Olhei para traz e havia um rastro de sangue que parava em mim, rapidamente levantei meu pé, que agora estava sangrando, sangrando muito. Comecei a entrar em pânico, estava desesperada, então comecei a correr. A cada passo que eu dava meu pé latejava e eu sentia espinhos entrando neles, então corri mais rápido. Eu já não sabia se aquele bosque teria um fim, ou se aqueles espinhos sumiriam, mas mesmo assim continuei correndo, pois a única coisa que eu sabia era que eu não podia continuar ali. Então de repente eu cai, tropecei, em uma pedra, e quando me levantei, descobri que tinha saído do bosque, e agora estava em uma clareira. A clareira era pequena e de um mato seco e fino, pinicava a pele. Era sem cor, sem nenhuma flor, como se tudo estivesse morto. Olhei em volta e nada, sem nenhuma saída, sem nenhuma estrada. Um vento soprou, e fez com que meus cabelos caíssem em meus olhos, mas pude ver que tinha alguém no bosque, uma sombra escura, atrás de uma árvore, e quando tirei o cabelo do rosto, já não tinha mais ninguém. Outro vento soprou e dessa vez pude ver uma sombra se movimentar em uma velocidade inumana do meu lado esquerdo, depois do direito, depois na minha frente, fazendo o vento soprar. A sombra se movia muito rápido, e eu não conseguia saber o que era. Comecei a ficar assustada, não sabia o que fazer, tinha medo de me mover, mas mesmo assim tinha medo de continuar ali, parada. Até que por fim ela sumiu. O vento parou e a sombra sumiu. Olhei ao meu redor mais não tinha ninguém ali.
- Florence. - Uma voz suave, quente, como uma melodia, sussurrou em meus ouvidos. Sussurrou meu nome e pude sentir seu hálito frio em meu pescoço.
Me virei lentamente, e dei de cara um menino de par de olhos verdes e pele morena. Arregalei os olhos, mas não disse nada.
- Florence. - Ele repetiu meu nome tão suavemente, entre um suspiro, como se tivesse feliz em me encontrar, e logo em seguida abriu um sorriso de tirar o fôlego, com destes brancos como a neve.
Olhei para ele e vi que ele estava sem camisa, apenas com uma calça preta, estava descalço, assim como eu. Mas perdi o fôlego quando vi que o menino tinha assas. Assas pretas e enormes, quase de seu tamanho, - porém me lembravam assas de um corvo - saindo de suas costas. Entrei em pânico e comecei a correr em direção ao bosque, porém ele me alcançou e segurou meu braço, e assim que me virei, ele estava tão perto de mim, que nossos narizes quase se tocavam. Ele olhava no fundo dos meus olhos, e pude ver que ele lia minha alma. E aos poucos o medo foi passando. E aos poucos eu fui me hipnotizando pelos olhos verdes daquele menino com assas de corvo.


- Continua ...


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