quarta-feira, 12 de junho de 2013

O Anjo. - Capítulo 2

Amanheceu. E eu estava muito abalada por conta de meus sonhos. Lembro-me que o primeiro, eu acordei gritando, pois sonhara que um corvo me perseguia. No segundo, sonhei que estava perdida e encontrava um… anjo?
Aquilo tudo não fazia o menor sentido, e a cada minuto eu ficava mais intrigada. Eu sempre acreditei que os sonhos eram a vontade da alma, porém minha alma não pediria para ser seguida por um corvo, muito menos encontrar um garoto com asas. Minha mãe dizia que eu tinha uma imaginação muito forte. Então talvez aquilo seja minha mente ou minha imaginação brincando com a minha sanidade.
Embora não conseguisse parar de pensar nisso, meu dia seguiu normal. Porém quando estava voltando para casa, algo estranho aconteceu. Eu estava a dois quarteirões de casa, e a rua estava praticamente deserta. Eu andava distraída, quando ouvi um barulho. Um barulho de asas. Olhei ao redor e não vi absolutamente nada, então acelerei o passo. Ouvi alguém sussurrar algo incompreensível, e me dei conta que tinha alguém do outro lado da rua. Virei a cabeça, sem parar de andar, e percebi que era ele. O menino do meu sonho. O menino com olhos verdes. O menino com asas de corvo. O suposto anjo.
Meu coração foi na boca. Paralisei. Fiquei imóvel, sem me mexer. Minhas mãos suavam e minha pulsação estava acelerada de uma forma que pensei que não fosse possível. Minha respiração ficou ofegante, eu queria gritar, mas voz nenhuma saía dos meu lábios. Então fechei bem os olhos e contei até 10, na esperança de ser apenas mais um sonho. Na esperança que minha imaginação estivesse só brincando com minha sanidade, novamente. E quando tornei a abri-los, o anjo ainda estava lá, olhando para mim, com um ar de divertimento. Ele deu alguns passos para frente, sem tirar os olhos de mim, e percebi que seu andar era gracioso. Ele havia parado no meio da rua, e agora seus lábios formavam um sorriso largo e malicioso, e em uma fração de segundos um ônibus o atropelou.
Eu gritei, e sai correndo em direção ao ônibus, porém não havia ninguém. Nenhum corpo, nem rastro de atropelamento, ou do anjo. O motorista me olhou confuso e perguntou se eu estava bem. Fiz que sim com a cabeça e sai correndo.
Eu estava muito assustada, e só parei de correr quando cheguei em casa. Tranquei todas as portas e fechei todas as janelas. Infelizmente minha mãe não estava em casa. Subi para meu quarto. Fiquei uma hora jogada na cama, tentando entender o que tinha acabado de acontecer. Sem explicação nenhuma, resolvi desenhar ele. Desenhar para não esquecer como era a face da perfeição. Como era a face do terror.

- Continua …


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