quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Medo.



  • Psicólogo: Bom dia.
  • Ela: Bom dia Doutor.
  • Psicólogo: O que te traz até aqui mais uma vez menina? Pensei que você tivesse melhorado.
  • Ela: Melhorei doutor, mas tornei a piorar.
  • Psicólogo: Então vamos fazer essa sessão. Fale, conte-me porque piorastes.
  • Ela: Ora doutor, acredito ser uma pessoa ruim.
  • Psicólogo: E por que pensastes assim?
  • Ela: Pois não dou valor as coisas que tenho, digo, não dou valor as pessoas que tenho comigo.
  • Psicólogo: Prossiga...
  • Ela: Doutor, antes, eu não me importava em dar satisfações para as pessoas mesmos sem elas pedirem. Não me importava em chamá-las todos os dias para conversarmos. Não importava-me em contar metade de minha vida e meu dia, muito menos inventar histórias absurdas com elas Doutor, mas hoje é diferente.
  • Psicólogo: Diferente como?
  • Ela: Hoje elas precisam de mim. Hoje não sou só mais um contato na agenda. Hoje sou a primeira pessoa da lista. Era legal, me sentia importante sabe, Doutor? Mas hoje, percebo que mudei, mudei muito em relação a essas pessoas...
  • Psicólogo: Mudastes como?
  • Ela: Tenho estado distante, fria, longe, fugindo.
  • Psicólogo: E por que fazes isto?
  • Ela: Não sei ,Doutor, não faço por querer. Eu quero estar do lado deles, mas é como se doesse. Eu fujo e só percebo que pulei as grades quando caio no chão. Não sei o que posso fazer para voltar. Voltar a ser como era antes ao lado deles. E é por isso que cheguei a conclusão de ser uma pessoa má. Provavelmente estou deixando eles sentirem a minha falta. É como se eu estivesse brincando de esconde-esconde mesmo o jogo tendo acabado. Me sinto mal por isso. E foi assim que piorei.
  • Doutor: Menina. Sei porque faz isto. Compreendo que a culpa de certo modo não é sua. A única explicação que encontrei foi, que você tem medo de se aproximar e se machucar mais uma vez. Mesmo sabendo que jamais fariam isso com você novamente. Você prefere o distante. Não gosta de obrigações. Você é de momento, não de uma vida inteira. A verdade é que você odeia rótulos e compromissos e obrigações e deveres e coisas do tipo. Você não gosta de se sentir presa. Muito menos a alguém, pois sua opinião muda a todo instante.
  • Ela: E qual é o meu problema Doutor?
  • Psicólogo: Você tem medo de compromissos. Quando a coisa fica seria, você pula fora. Pois um momento você sabe que perde a graça e se sente preso na monotonia, o que se torna difícil de sair e você sabe disso. E isso vale tanto pro amor, quanto para uma amizade. E quando a coisa fica seria, você se distancia. Se distancia, porque tem medo de compromissos. Esse é seu problema, você se sente presa em um compromisso. Você não gosta de se sentir presa. Você não gosta de compromissos.

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